segunda-feira, 29 de maio de 2017

Quero morrer anônimo

Quero morrer anônimo.
Talvez por isso eu tenha me desfeito de amizades,
Talvez por isso eu tenha me tornado um recluso.
Não converso.
Ouço.
Escuto e vejo como agem.
Quando puxo assunto é só para saber o que vivem por aí,
O que andam pensando, afinal.

Quero morrer anônimo.
Sem ter quem chore por mim.
Quem sabe até mesmo sozinho,
Em algum lugar sem lugar,
Perdido em alguma reticência no caminho.

Quero morrer anônimo.
Enterrado em vala comum,
Sem flores, sem velas, sem esperança de uma vida no pós-morte.
Quero apenas morrer,
Deixar guardado onde possam encontrar,
Todos os meus textos burros
Que ninguém conseguiu entender.
E que não saibam quem escreveu.
E que inventem um nome,
Escolham um nome,
Dentre os que eventualmente encontrem inscritos
Implicitamente nos textos.

Quero morrer anônimo.
E que a fama me alcance no além vida.
Afinal, que melhor sorte merece
Quem escolheu ser poeta?


20 de maio de 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário