quinta-feira, 21 de março de 2019

Aquele sorriso

Você me parece uma pessoa triste, ela disse.

Fosse em outros tempos, eu diria que ela me entendia como nenhuma outra pessoa. Mas nos dias que seguiam tristeza era visível nos meus olhos. No meu sorriso nulo.

Sorri, sem graça, tentando não expor toda a dor que carregava.
Ela retribuiu com um sorriso nervoso.

Havia mais do que pude decifrar naquele sorriso. Os olhos seguiam os traços da boca, os dentes ligeiramente a mostra. Meu coração acelerou por um raro instante. O que seria aquilo?

Despediu-se em um singelo gesto e se perdeu em meio a multidão, deixando-me aflito com a imagem de seu sorriso sereno e enigmático.

Tarde da noite, naquele mesmo dia, na cama, eu pensava em seus olhos, em sua boca, aquele sorriso que fez um buraco em meio peito, abrindo o vazio nele escancarado.

Antes de pegar no sono, cansado, sorri o sorriso mais verdadeiro dos últimos tempos. Eu decifrara o que o seu sorriso me dizia. Era esperança. A esperança que eu havia, em algum momento, perdido.


05 de fevereiro de 2019

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