segunda-feira, 24 de abril de 2017

Deus e o Estado (não inédito)

Não há no mundo animal outro que se ajoelhe diante da ideia de um ser superior imaginário (excluem-se, portanto, os donos de animais domésticos) que não o Homem.

Dito isso, verdade, a priori, inconteste, temos que deus é uma invenção humana. Criamos a ideia de um ser imaginário que tudo vê e comanda através de uma característica evolutiva própria dos seres humanos: a capacidade de pensar, notadamente, a de fantasiar, de criar realidades paralelas.

Deus, por assim dizer, é uma patologia mental que se aceita sem estar doente. Mais que isso: a ideia de deus é um alento ao sofrimento humano.

Não existissem desigualdades, duas das grandes potências invisíveis que comandam nossa sociedade desapareceria: o Estado, como força coercitiva própria (polícia, judiciário, etc) e a Religião, como força coercitiva imprópria, posto que age sobre a mente humana.

Estando tudo em paz, não há que se procurar o Estado, através do Judiciário. A vida segue sem problemas. As relações interpessoais permanecem pacificadas.

Havendo paz interior, reflexo da igualdade exterior, não haveria sentido em se clamar pelo amor divino em instituições bancárias travestidas de templos de salvação.

A desigualdade criou o paraíso, fruto da mente sofredora de quem não vê perspectiva de melhoras nesta vida. E é ela quem alimenta os bancos do Estado e os cofres do Clero.

Fosse o mundo igualitário, usaríamos nossa capacidade imaginativa para possibilidades maiores. Ou não.

27 de dezembro de 2012
(postado originalmente no Fraus Legis - eu acho)

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