quinta-feira, 13 de abril de 2017

Algum dia num passado próximo.



"Será?"


"The winter is coming!". Eu sinto. Nem tanto o inverno externo, climático. Sinto calor no momento. Mas o interno se faz sentir aproximar. É triste analisar o panorama e não conseguir chegar a nenhuma conclusão. Fica então só a tristeza. Nasci para ser refém? Vai ser sempre assim? Merda! Merda!

Onde está a esperança que cheguei a possuir? Cuido tão bem (ao menos acho) das minhas coisas, onde foi que deixei a coragem? Alguma vez realmente a possuí? E vem e vai aquela vontade que ninguém compreende. Dizem ser pecado. Desânimo. Desesperança. Desassossego. Vamos a um intervalo. Sobram páginas em atraso por ler.

A gente vai mudando para agradar as pessoas com as quais gostamos de estar. No fim, é-nos insuportável conviver com o que nos tornamos. Aí é que surge a vontade e o desejo. Muitas vezes é tarde demais para voltar às origens, perde-se-á, mesmo que nos digam que nunca é tarde demais.

Deveria estar trabalhando. Há muito por fazer, mas e o que eu ia dizer? Crise! Crise! Intelectual, política, financeira, moral, empática (existe?), crises! E eu não sinto o tempo passar. Os dias vão se misturando. Tudo é uma coisa só. Não tem mais segunda, não tem mais terça, nem quarta, nem quinta ou sexta, nem mesmo sábado ou domingo, é tudo aborrecimento e desventura. Cadê nosso lugar ao sol? Precisaremos esperar o segundo sol chegar? Volto ao trabalho... onde estará minha cabeça? Já é sexta e o dinheiro onde ficou? O fim de semana será triste. O fim de semana será um domingo a noite que chora a chegada da segunda. Mas já não existem domingos ou segundas, é tudo aborrecimento e fim.

O que há a se fazer? Os dias passam. Para onde vamos? A última grande ideia da TV foi o retorno da Banheira do Gugu. O que acontece? Percebo que o tempo passa, sem que eu consiga alcança-lo. Aquela vírgula não deveria existir. Não li Proust, nem Hemingway, pouco de Baudelaire, nada de Adelia Prado; as escolas não incentivam. Acho que o giz, o pó de giz, contamina mais que agrotóxico. Os professores estão contaminados. O cérebro engessado em giz inalado ano após ano. Logo será peça de museu que algum fundamentalista religioso fará em pedaços. Evolução nem sempre é melhoria. Eu não consigo evoluir. Não consigo me adaptar. O fim.

Cheguei a conclusão que não sou uma pessoa boa. Muita coisa não faço por temer as consequências da lei (mesmo já tendo feito muita coisa contra ela, coisa séria, inclusive). Uma pessoa boa, na acepção pura, não deveria deixar de fazer as coisas por medo das consequências. Ela simplesmente não teria vontade de fazer coisas que prejudicassem outrem. Por isso, nenhuma pessoa temente a qualquer deus, ou qualquer autoridade, pode ser considerada boa. Aliás, por não fazerem o que sentem vontade por temor, estão fazendo mal a elas próprias. E muitas, com os desejos repletos de maldades, por não praticarem o que pensam, pelo temor, se acham e se propagam como arautos da bondade.

Cansei.

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