quinta-feira, 26 de julho de 2018

Há jovens e jovens no nosso tempo (e deve ter havido em todos)

Que tempo o nosso no qual tratamos como coitadinho
o 'jovem' de 26 anos, dez de carreira,
que ganha milhões (chegou a bilhão?) e milhões,
com uma equipe toda a seu redor para fazer todo o resto da vida,
para que ele se foque apenas no que precisa fazer
(o que fazem de graça tantos outros jovens, mais jovens até),
e tratamos como animais os jovens, bem mais jovens,
que se matam para ganhar migalhas de miséria
e, no afã de terem o que não podem ter,
são cooptados por outros jovens, pouco menos jovens,
que desfilam escondidos nos becos escuros com seus dentes de ouro,
e dinheiros nos bolsos onde guardam as chaves dos carros
e nomes de garotas, e dos que não pagam.

E os jovens mais jovens devem morrer pelos seus erros,
mas o jovem de 26 anos, dez de carreira,
centenas de milhões de dólares na conta,
dezenas de parças que fazem todo o resto da vida,
sofre demais em seu jatinho particular,
sobrevoando a favela que lá embaixo grita sem ninguém ouvir.

É difícil ser Neymar.

25 de julho de 2018


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