segunda-feira, 16 de julho de 2018

É como voltar ao ponto de partida

Clóvis de Barros diz que felicidade é o momento que você não quer que acabe, um momento que tudo está tão bom que você quer que dure para sempre. Sabe quando você está num lugar e não quer sair por nada? Um lugar que te parece natural estar e que você poderia jurar que a felicidade mora ali? Então, é mais ou menos como me sinto aqui. Ela sabe disso, ela sabe. É por isso que sempre diz não entender o porquê de eu gostar tanto. Ela sabe que eu fico feliz, como uma criança morando no brinquedo desejado, mesmo não entendendo o motivo. Mas talvez seja porque eu estava em um lugar que não queria, muito muito tempo atrás, e acabaram me tirando à força. Eu não queria sair. Não queria. Para mim não era a hora. Eu ainda queria curtir um pouco mais. Deixar fluir e, se fosse mesmo necessário, aí eu sairia, quando fosse a hora. Quando eu achasse que fosse a hora. Mas me tiraram à força, não tive como resistir. Eu realmente não tinha como resistir. Tiraram-me à força e então tudo acabou. É por isso que eu gosto tanto daqui, sabe? Acho que me lembra mais ou menos aquele ambiente que me vi forçado a deixar. Até dizem que seria mais natural se me tirassem de lá para algo como isso. Mais natural, dizem. Então eu gosto daqui. E gosto assim. Ficar parado. Só deixando estar. Visualizar o inimaginável. Deixar a mente passear no tempo dela, no espaço dela, na transcendência dela, e intranscendência também. Ela só quer ser livre. E aí eu fico aqui. Parado. Olhando para o nada, mas analisando tudo, pensando em tudo. De fora podem pensar que nada está acontecendo, mas aqui tudo acontece. As coisas fluem. São pontos de vistas diversos se você pudesse ver com meus olhos. E deve ser por conta daquela vez. Da vez primeira que me tiraram de onde eu queria estar, e me forçaram a estar onde eles achavam que eu deveria estar. É uma merda ser forçado às coisas. É uma merda não poder escolher. Por isso toda vez que eu tenho oportunidade eu procuro aproveitar. Isso aqui me faz voltar no tempo. Quando o tempo ainda não era tempo. Quando o mundo não era mundo. Quando eu não me era e era todo eu em potencial. Quando tudo era possível e todas as possibilidades eram possibilidades infinitas. Eu gosto daqui. Não importa se estou sozinho, se não estou. Não importa o que está lá fora, aqui dentro sou eu, de volta ao que poderia ser. É estranho, mas é natural. É diferente, mas é quase igual. É difícil de explicar para quem não viveu o que eu vivi. Para quem não nasceu de fórceps como eu nasci. Eu estava onde queria e me tiraram de lá. Hoje eu aproveito isso aqui, e não saio dessa piscina por nada, a não ser por minha própria vontade. Eu gosto demais disso aqui. Ô se gosto!

15 de julho de 2018

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