quinta-feira, 19 de abril de 2018

Sobre sono e depressão

Eu durmo, mas não sou muito fã. Acho que nunca fui.

Dormir sempre me pareceu como uma espécie de perda de vida. Você dorme, o mundo não para, as experiências estão lá, acontencendo, enquanto você está fora de tudo. Eu nunca gostei muito de dormir.

No começo da vida universitária, longe do controle dos pais, passava dois, três, até quatro dias acordados, ou então sob a égide da doutrina dos cochilos.

Por isso, quando durmo demais alguma coisa não está legal comigo. Algo de errado está se passando. Começo agora a perceber que esse é um padrão que se repete há, pelo menos, uns quatorze anos. Quase a metade do que vivi. Foi no princípio de meus surtos depressivos, quando eu já colocava em dúvida várias das decisões tomadas e caminhos seguidos. De lá pra cá, em especial nos últimos anos, as coisas só pioraram.

O sono em excesso representa a tentativa da busca pelo isolamento, pela paz interior através do convívio com meus eus.

Quando durmo demais, em verdade, estou tentando comunicação comigo mesmo, pois só no sono, no exílio dos sonhos, consigo reunir-me em paz. Pelo menos era assim.

Mas nem assim consigo mais me reencontrar. Nem assim.


19 de abril de 2018

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