quinta-feira, 8 de março de 2018

Sobre saudades

Mas e a saudade, afinal o que é? Eu fico cá pensando.
Porque, sabe, eu disse pra ela outro dia "Eu não sou muito bom em sentir saudades". E, de fato, não sou.
Meu pai morreu. Eu sinto saudades dele? Senti por um tempo. Hoje não mais.
Talvez minhas saudades estejam restritas à possibilidade de reencontrar a pessoa alvo.
Eu tinha saudades do meu pai, por algum momento eu me enganava poder revê-lo, até que senti que não mais.
Das pessoas que estão vivas... sinto alguma saudade. Não toda.
Não me levem a mal. Eu não sou tão frio assim.
Vivi anos distante do meu ninho. E não voltava quando a estação migratória pedia, eu tenho essa facilidade de me fazer local de onde estou com os pés. O coração me serve para pulsar o sangue do ar que respiro.
E por isso eu não sentia vontade de estar com meus? Não, de modo algum. Mas não me fazia necessidade no sentido que fazia a outros. Eu levo os que amo comigo, não preciso estar. Eu sei ser.
De quem eu sinto saudades?
Outro dia, viajaram uns, Ela me perguntou, "não sente saudades das crianças?" e respondi de inopino "não".
"Nossa!", reprovou-me ela com seu tom.
Mas é que, de fato, eu não sentia. Fazia menos de uma semana. Eu não sei se consigo sentir saudades de uma semana. De um mês. Talvez eu nem sinta de um ano ou mais.
Talvez eu reprima as saudades e tudo se exprima em choro e lágrimas no abraço do reencontro.
Eu não sei.
Eu sinto saudades.
Eu só não sinto como acham que eu deva sentir.
Mas que, enquanto eu escrevia essas palavras, me bateu uma saudade do perfume Dela aqui no meu abraço. Ah, isso me bateu.
Que saudades Dela e, geralmente, de verdade, só Dela.


18 de fevereiro de 2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário