segunda-feira, 26 de março de 2018

Como se eu fosse um rio

E é como se um rio
que corta uma grande cidade.
Eu levo a vida,
quero levar a vida,
dar cor ao mundo que atravesso,
saciar a sede dos que me alcançam.
E que meus braços se entremeiem as casas,
ruas, vielas e avenidas
e banhe os corpos cansados
renovando-lhes o ânimo,
que usem do que lhes trago para o seu deleite,
para o café do dia-a-dia,
para o arroz, feijão,
o pão nosso de cada dia.
Eu sou o rio que corta uma grande cidade
e nele despejam os seus moradores
toda a sorte de dejetos que não querem para si,
o esgoto,
o lixo,
os corpos dos assassinatos,
sofás,
pneus,
carros.
Eu quero levar a vida, o riso, a alegria,
e levo comigo o ódio,
o rancor,
a raiva,
o desprezo,
todo o lixo que não querem na vida
e que despejam sem pensar
no rio que corta a cidade.

26 de março de 2018

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