Vida nula essa que vivemos
de vontades divididas no cartão
e sonhos financiados a perder de vista,
o material.
O carro, a casa, as viagens,
a TV ultramegablaster250K,
o último modelo do smartphone
que precisa de quem o use para ser smart
e perde metade do preço ao sair da loja,
tudo perde.
E ninguém ama mais,
ninguém nunca amou.
Todos querem viver a vida que não se tem
e quanto mais se tem, menos se vive,
busca-se, torna-se, ainda que livre na aparência,
escravos!
Do tempo,
do sonho,
do consumo.
Qualidade de vida virou sinônimo
de quantidade do que eu compro.
O que tenho virou a imagem do que sou
e o que sou de fato não importa.
Quem não ostenta está morto,
quem não tem não pode viver.
Querer já não é poder,
ter é que é.
Não basta querer,
tem que ter,
comprar,
mesmo que parcelado pela vida,
mesmo que financiado com o sangue e o suor
de todo o tempo livre
que se escraviza em busca do sonho.
Que sonho?
E a vida se anula
em boletos, faturas,
e todos os bens que não levaremos pra debaixo da terra.
29 de dezembro de 2017
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