quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

A gente nunca para pra pensar

A gente nunca para pra pensar no que a vida parece ser,
esse amontoado de atos e ações e pensamentos sem sentido,
que vão se amontoando em cantos, recantos e desencantos
e sem saber como lidar, a gente precisa viver.

Para nascer é preciso vir de cabeça,
se não for de cabeça a vida já começa mais complicada do que já é,
e pode resultar no nosso primeiro arrependimento,
se bem que, se a gente pensa bem, nascer já é para se arrepender.

E então vê-se a luz, os olhos a boca o nariz
tudo se abre para esse mundo que já estava por aqui
muito antes da mãe da gente ter noção que nos tem dentro dela.

Não há aula para viver com o mundo exterior.
Pra aprender é preciso ir perguntando o que se tem de dúvida,
mas se gente perguntar demais,
de repente, colocam-nos de lado,
tacham-nos malucos,
enfiam-nos remédios.

Aos poucos vamos notando que o mundo exterior é quem manda,
ele sempre esteve aí, ele sempre estará.
Com o tempo aprendemos a chama-lo de sistema,
e passamos a respeita-lo.
Uns os chamam de Jeová,
outros de Alá,
outros chamam de Deus,
alguns clamam por vários deuses,
mas a maioria concorda que o dinheiro é quem manda.

E vamos nos moldando e nos deixando moldar,
porque lutar contra o sistema cansa.

A gente nunca para pra pensar no que a vida parece ser,
porque no fundo a vida é um todo sem sentido,
onde uns fazem todo o trabalho
para que os outros possam viver.

Se a gente para pra pensar
a gente percebe que é um monte de pecinhas
trabalhando sem futuro de se ter.

A vida, em resumo, é nascer sozinho,
sentir sozinho,
pensar sozinho,
sofrer sozinho,
e morrer sozinho
na ilusão de que alguém compartilhou conosco
a angústia e o vazio do viver.

21 de janeiro de 2018

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