quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Chat(o)

Se estou bem?
Não sei, como posso saber?
Estou vivo, vivendo, a vida não é para os otimistas
é para os realistas,
estar bem é uma questão de tempo
e o tempo urge.
Hoje sim, agora, mas e amanhã? E daqui a pouco?

De onde venho?
Venho de dentro do corpo do meu pai,
de onde migrei para o interior de minha mãe
e fui duplicando, evoluindo, crescendo.
Eu não queria sair quando me disseram ser a hora,
eu não queria.
Aí me forçaram.
Puxaram,
apertaram,
espremeram minha cabecinha
e me tiraram do conforto.
Nasci.

Quantos anos tenho?
Tenho todos os que vivi,
precisamente cada segundo de ar respirado,
cada ralado no joelho,
cada dedo furado,
cada erro e cada acerto,
cada choro e cada arrependimento,
mesmo seguido de outro choro.
Tenho todos os anos que são meus.

O que eu faço?
Bem, eu faço o que dá para sobreviver.
Eu tento enganar que sou bom em algo que fingi que aprendi,
e vou tentando ganhar a vida sendo o mais esperto da sala,
até que eu encontre alguém mais esperto.
Aí passo a evitar esse alguém
e os outros alguéns,
porque a vida é basicamente tentar se sobrepor aos menos espertos
e fugir dos sabidamente mais espertos.
Eu tento. Tentar! É isso que eu faço.

Ok! Ok! Eu entendo. Pode ir.
Raros são os que buscam a verdade,
porque a verdade arde mais que qualquer tapa na cara,
a verdade nos dói mais que qualquer parto,
a verdade é o Santo Graal que ninguém quer encontrar,
afinal, se viver é tentar,
o importante é sempre se manter na busca
e evitar ao máximo alcançar o objetivo.

07 de janeiro de 2018

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