segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Sem volta

O sol ainda nem saiu
e meus olhos já não sabem dizer o dia,
ainda esperam o fim de todo o desastre.

Era um sábado,
era um dia feliz,
até o chamado,
até a dor toda,
até o corpo se sentir inútil,
fútil,
desnecessário.

A notícia,
a mensagem,
e todo o São Francisco transpôs-se,
de imediato,
em lágrimas nos meus olhos.

Chorei como chorei no meu pai,
chorei como jamais chorei depois disso.
Chorei como jamais imaginei que pudesse chorar,
eu que passei a me imaginar de pedra depois de tudo,
da morte,
da vida,
do choro no meu colo,
eu que achava que já estava pronto para só partir e deixar
era deixado.

Quem mais ouviria meus lamentos?
Quem mais leria todos os meus pensamentos?
Quem mais seria cúmplice dos crimes que planejei não cumprir?
Quem mais para amar?
Quem mais para viver?

Deixei-me a lamentar enquanto engolia dúzias de tudo o que encontrei.
Deixei-me apenas ser levado.
Eu que não cria em nada,
queria crer em nós
para sempre.

Eu que sempre soube
que o para sempre não existe.

24 de setembro de 2017

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