segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Eu e ele

E não, não adianta falar,
não adianta explicar.

Ele vem sem ordem,
surge na vulnerabilidade,
sem dar notícia prévia,
se instala, acomoda-se,
faz-se rei do local.

E não, não adianta falar,
não adianta explicar.

De fora, quem vê, vê o que não é,
vê a mim tão somente,
como sou para todos os que de fora me veem.
E não sabem identificar o outro,
veem-me apenas como eu,
eu transtornado, fora de mim.

E não, não adianta falar,
não adianta explicar.

Eu ainda estou ali, de lado,
sem ter como dizer o que quer que eu diga,
sem ter como explicar,
e nem adianta,
e ele diz o que quer dizer,
e ele deixa tudo sem explicação.

E não, não adianta falar,
não adianta explicar.

Parece um todo sem sentido de ser eu,
um embriagado ser que, parecendo ser eu, sou.
Mas não sou. Sou outro. Ele.
E ninguém reconhece.
Ninguém sabe.
Ninguém vê,
porque não adianta explicar,
não adianta falar,
ninguém entende.

Ele não sou eu nesse mundo.

05 de outubro de 2017

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