Uma criança com sua mãe
tocou o tornozelo de um corpo nu
de um homem exposto em uma museu de arte.
Gritaram!
Bradaram!
Quiseram fechar o museu.
Cuspiram a arte.
Pedofilizaram a nudez.
Esses brutos, que deus os perdoe e acompanhe,
esses jamais poderão ter filhos pois,
de certo,
no primeiro banho, nus com as suas crias,
verão sexualidade no sexo sem sexualidade dos filhos
e acabarão derrotados pelo desejo,
enquanto um fio de sangue fresco corre pelo ralo do banheiro,
pelo ralo do chuveiro vai-se a pureza e a hipocrisia.
Uma criança foi deixada sob o leito carcerário
de um estuprador em vontades,
para que dormisse e permanecesse.
Silêncio.
Silêncio.
Não quiseram fechar nada,
não cuspiram em ninguém.
Ali não se chegaram.
Esses brutos, que deus não os perdoe e mande ao inferno,
sequer falaram sobre o fato, ignoraram,
como fazem sempre,
quando não estão no ar condicionado de um museu,
quando a realidade é real demais para que acompanhem,
quando o piso é sujo que seus pés não tocam.
Querem impor o seu partido repartido de razão.
Querem impor a sua crença na descrença.
Querem sem entender.
Querem.
E eu só quero que se fodam.
Todos.
Sem exceções.
Até mesmo suas crianças
(coitadas).
10 de outubro de 2017
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