segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Humanos

Nós somos maus.
A humanidade é um todo de torpor,
vícios, corrupção.
Nós somos maus.

Tentam uns culpar um capeta inexistente.
Não há capeta que compita com nossos caráteres impuros.
Não há demônio maior que a mente humana.
Nós somos gananciosos.
Por isso o simples pensamento de uma comunidade igualitária,
onde tudo é de todos, e todos são donos de tudos,
é visto como mensagem diabólica.
"Vão comer suas criancinhas",
"vão deixar vocês na rua",
"vão tomar suas casas".
Nós somos diabólicos.

Nós trocamos moedas por milagres.
Damos o pouco que temos
pela expectativa do muito que jamais que teremos.
E deixamo-nos enganar por uma ou outra história
de pretenso sucesso.

Deus vive nos cifrões.
Deus mora no frescor reluzente do ouro,
na fria mortália do níquel,
atrás dos muros enfeitados de cercas elétricas,
que matam gatos incautos durante noites e dias.

E culpamos demônios, exus, caboclos,
culpamos pombas-giras, espíritos obscessores,
culpamos quem não existe
e quem não tem culpa.
Culpamos.

Culpamos porque nos falta caráter para assumir
a nossa toda falibilidade.
O papa é falível.
A mãe é falível.
O pai.
O tio.
O avô.
O padre.
O pastor.
O bispo.
Todo e qualquer ser humano,
por ser humano,
é falível.
E falhará.

Nós somos maus,
não por natureza,
mas por criação.
Não como criar bons humanos
quando somos humanos maus.

E o ciclo se repete.
E o mundo só aguarda o fim.

05 de outubro de 2017

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