quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Metades

Duas almas doentes podem se curar?
Duas metades que se encontram
podem, em se amando, fazerem-se um?

Quanto de poesia é preciso
para acreditar no amor?
Quanto de inocência
e ingenuidade?

O amor vendido nas ruas é mais barato
e menos dolorido.
Cada pedaço de papel uma nova história,
cada senha digitada
um orgasmo sem precedentes.

Pode o amor competir com o comércio?
Pode a virtude competir com a modernidade?
Quanto de nós ainda somos o que nunca fomos?
Quanto de nós é resto dos que se foram?

Um coração despedaçado
é um coração despedaçado.
Os pedaços que se descolam morrem,
gangrenam, ficam pelo caminho.
Fica um buraco em cada pedaço que falta.
Fica um vazio em cada coisa que não foi.

Cada lágrima derramada por um romance desfeito
são lágrimas legítimas
de uma dor que não deveria ser.
Romances acabam.
Amores acabam.
Nós vamos permanecendo,
de amor em amor,
até que, enfim, acabamos também.

Em quantos pedaços pode um coração se quebrar
a fim de que ainda continue funcionando?
E quem disse que sofrimento é no coração?
Quantos cérebros morreram?
Quantas sinapses perdidas?
Tão pouco hormônio,
tão pouco ânimo.

Cara metade.
Metades que se juntam e se perfectualizam
em um ser único de amor e paixão.
Besteira!

Duas metades não podem formar um inteiro.
Apenas um inteiro dividido em dois
pode voltar a se unir.
E mesmo assim,
sempre faltam uns caquinhos.

A vida é sobre saber lidar com isso.
Mas, quem sabe?

03 de agosto de 2017

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