segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A perfeição foge nos detalhes

Era uma vez, um país singular.

Nele quase tudo estava às mil maravilhas. O povo tinha educação de primeira. A igualdade era conceito primaz da organização civil. Todos eram seres humanos, pura e simplesmente, independente de qualquer outra possível divisão. A corrupção era uma mera e vaga lembrança dos tempos antigos. A saúde experimentava período de primazia, sem surtos de doenças, sem epidemias, tudo era antevisto pela medicina preventiva. Nesse país, a água da chuva era reutilizada em cem por cento das casas. As matas foram recuperadas e a fauna e a flora prosperavam nas grandes reservas. A energia era limpa. A economia se equilibrava sustentável, como jamais visto. O país, antes tido como o país do futuro, agora surfava soberano nas ondas do presente progressista.

No entanto, como dito, nem tudo estava às mil maravilhas.

Sim, meus caros, a perfeição não existe e, como não poderia deixar de ser, assim não era nesse país.

Infelizmente, algumas pessoas insistiam em não se vestir corretamente para o trabalho a que se designava. E isso colocava em cheque toda a organização da sociedade. Toda a primazia econômica. Toda a paz e vida.
Eram os rebeldes advogados e advogadas, que depois de passarem por todo o curso de Direito, depois de batalharem para serem aprovados em um exame da organização de classe, depois de dominarem (?) o vasto arcabouço legal daquele país, insistiam em contrariar juízes, desembargadores e se apresentarem em frente a eles vestidos sem a solenidade exigida.

Pobre país, destinado ao caos por conta desses rebeldes.

Viva os desembargadores e juízes que ainda prezam pela moral, os bons costumes, pela família, por Deus e todo o mais e recebem os justos salários (que uns – invejosos – tratam como “super”) por isso. Afinal, é melhor ter um profissional incompetente bem vestido, que um reles doutor de roupas incompatíveis com o nível do julgador que vai confrontar nos tribunais.


24 de agosto de 2017



Desembargador se recusa a ouvir advogada por causa da roupa dela

RIO - Um desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 18ª Região, em Goiânia, se recusou a ouvir a sustenção oral de uma advogada por considerar que a roupa dela não se enquadrava ao decoro exigido no local.

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