Meu eu lírico não sobrevive ao menor sinal de estabilidade emocional.
Ele simplesmente não consegue mandar a mim os mais simples versos quando, sentindo, eu esteja em estágio de felicidade.
Ele precisa sofrer. Sentir o sofrimento. Estar dentro de um universo de todo esquecimento e dor. E não esteve.
Nas últimas semanas fui agraciado pela presença sublime da mulher que amo muito mais tempo que tempo tenho me acostumado.
E tanto tempo em felicidade plena me afastou do eu lírico que sofre e me força a escrever.
Quando com ela estou, a necessidade de escrever se transmorfa em necessidade de satisfazê-la, em todos os sentidos. E sou dela o tempo todo que posso ser enquanto ela está comigo. E esqueço de todo o resto. O mundo já não me faz necessário, pois o mundo em que vivo é ao redor do seu perfume, do seu cheiro do seu gosto na minha boca.
E por estar assim mais do que o normal que estive nos últimos dias, perdi-me. Deixei de me conectar ao eu lírico e ele adormeceu, embriagado no perfume e no sabor da pele da minha Anne.
Volto em breve, amanhã talvez, mas sem vontade de voltar.
O desejo que me envolve é o de estar com ela e sempre estar.
E fodam-se os versos.
Foda-se o eu lírico.
O que quero é ama-la em prosa, verso e versículo,
e fazê-la gozar no quarto, na copa, num cubículo.
Sempre!
13 de fevereiro de 2018
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