segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Febre

Eu, cujo calor mora em mim,
diz a minha namorada,
ontem achei que fosse morrer.
A temperatura do quarto era a mesma de outros dias,
o suor escorrendo pelas paredes,
Hellbeirão em sua forma padrão.
Por dentro, nos ossos, um frio,
como se as olimpíadas de Inverno,
que acompanhava pouco antes de deitar,
fizesse em mim a sua sede.
Frio.
Calafrio.
Eu, cujo calor mora em mim,
vi-me saindo da cama e pegando o cobertor esquecido no armário.
Frio, muito frio.
Tremia enquanto me enrolava no casulo dupla face,
lençol por baixo, cobertor por cima.
Deitei-me.
Delirando em sonhos acordados, adormeci.
Pesadelos,
delírios.
Despertei suando,
o frio ainda em mim.
Sentia o calor pulsando debaixo do cobertor,
enrolei-me ainda mais,
virei de lado,
suado,
friorento,
adormeci em delírio.
Achei que fosse morrer
e não morri.

Hoje estou suando em bicas de um calor que nem existe lá fora.
Pensando que fosse morrer eu renasci
e brindo a vida que ainda me resta
até a cerveja acabar.

18 de fevereiro de 2018

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