quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A ponte

Há dias nos quais a ponte nem parece ser tão extensa.
Anda-se com o olhar altivo,
as pernas movem-se naturais,
os carros passam sem pressa,
a pressa não existe e vai-se indo,
é quase natural, se natural fosse,
e chega-se ao outro lado,
onde eles todos te aguardam,
como se aguardassem desde sempre
e te recebem de braços abertos,
quando atravesso a ponte pro lado de lá
um deles vem pro lado de cá,
por isso a alegria em me receber
nesses dias em que a travessia é natural.

Há dias nos quais a ponte se mostra mais extensa do que é.
O olhar cansado não enxerga o outro lado,
as pernas ficam presas no asfalto quente,
a sola do sapato gruda, não me deixa ir,
os carros desistem de enfrentar o caminho,
a pressa é só o que há
junto com a morbidez,
e não se chega nunca ao outro lado
que parece ficar mais distante,
não se vê alma viva,
ninguém a me recepcionar,
tem dias que eles todos não querem falar,
calam-se, escondem-se,
e ninguém vem pro lado de cá,
nesses dias eu fico no meio da ponte,
sem saber se posso avançar,
sem saber se consigo voltar.

07 de novembro de 2017

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