quinta-feira, 14 de setembro de 2017

PhD #5: Sobre um deus único

A existência ou não de um deus é fato que não discutirei aqui. Você deve acreditar e seguir aquilo que seu coração mandar. Desde que seu coração se paute pelo respeito e tolerância pelo outro, como sendo outro e diferente de ti. Se seu coração pautar por dogma diferente desse, então passe a questionar a sua crença e buscar outra que se coadune com esse mantra da coexistência pacífica. Só o respeito e a tolerância podem fazer futuro na existência humana.

Pautado antes no respeito é que desvinculo o questionamento da falta daquele. Questionar é tentar entender, não desrespeitar. Quem enxerga o questionamento como desrespeito está de raízes plantadas num fundamentalismo cego (como todos os são), sem margens de possível diálogo, flertando sempre (e buscando) o embate, ao invés.

Então, feitas essas premissas, afirmo: é impossível a existência de um deus único. Explico-me.

Há muito tempo, eu que já flertei com diversos seguimentos religiosos, passando inclusive pelo paganismo wiccano, e, mal ou bem, busquei entender a lógica (se é que existe lógica) dentro de tantas outras vertentes, questiono-me acerca da efetividade do monoteísmo na sociedade.

Tendo como base o cristianismo para fins de análise, religião que agregou em si, para fins de maior aceitação pública (marketing na sua melhor forma), notadamente quando reconhecida como religião oficial do Império Romano, diversos aspectos das religiões pagãs (data do Natal, Páscoa, etc – busquem registros históricos) e judaicas, a crença num deus único e singular enfrentou grandes dificuldades.

A religião, antes da formatação em massa que deu origem às três grandes abraâmicas, e aqui cabe um novo parêntese, posto considerarmos as religiões do ponto de vista ocidental, era assunto familiar. As famílias cultuavam os antepassados como deuses, não deuses como criadores. Sendo assim, a multiplicidade de deus era a regra. O livro “A Cidade Antiga”, que tive que ler (obrigado UEL), por ser obrigatório na disciplina de Direito Romano na faculdade, explica em boa medida o alcance desse culto.

Ao me deparar com o “Livro de Iniciação da SOUST” (Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade), que, já de início, abre-se com o título “Cada um encontra o Cristo que procura”, e permeado de uma bad sem explicações, cresceu em mim a vontade de fazer esse texto.

Cada um encontra o Cristo que procura, logo ao me ver diante desse título, confesso, não mais li qualquer coisa. Talvez porque queira, depois de ler, refletir sobre o escrito e, possivelmente, ver nisso outro motivo para voltar a escrever (gerando conteúdo). É que o título em si deflagra grande parte da minha visão de mundo religioso, contrapondo-se ao fato propagado das “religiões monoteístas”.

Considerados fossem ovelhas num rebanho, o termo “religião monoteísta” até poderia ser baseado em uma verdade fática. No entanto, quando falamos de religião, tratamos do único ser capaz de questionar a própria existência e de fazer futuro diferente o futuro que a sociedade lhe impõe.

Parêntese outro: se você vê nessa afirmação o questionamento da ascensão social, por “n” motivos, não se esqueça que a morte, invariavelmente, é uma mudança de rumo no futuro imposto pela sociedade. Fecho o parêntese.

Dito isso, monoteísmo é o que menos poderemos esperar de qualquer religião, por mais explícita e detalhada esteja a mente do senhor criador de tudo o mais. O ser humano é uma espécie de memória, de vivência, de experiências. Não somos meros instintos ambulantes, lutando pela sobrevivência. Nós pensamos, calculamos, fazemos escolhas conscientes.

Somos diferentes. Temos visões diferentes sobre quase tudo. Por que seria diferente com o ser maior da nossa religião monoteísta escolhida? Não é!

Quando dizemos que “Deus é misericordioso”, para quais atos a misericórdia divina deve ser aplicada, na sua opinião? Pense. Agora pergunte para um colega mais próximo. Um colega não tão próximo.

Agora volte no tempo e pense como você responderia a essa mesma pergunta cinco anos atrás. Dez anos atrás (se tiver idade). Nós mudamos, o mundo nos muda enquanto interagimos com ele. E, sem que notemos, nossa visão de deus muda junto nessa mudança.

Se há o monoteísmo, por que essas mesmas religiões se multiplicam em um sem número de seitas interpretativas da vontade divina?

Ok, talvez você ache que eu esteja exagerando e confie na unicidade do pensamento.

Então vamos sair desse tema metafísico, para algo mais concreto.

Você é brasileiro, certo?

Você é coxinha ou petralha?

Por hoje é só o que tinha por hoje.

Amanhã (ou depois, um dia) mais do de amanhã.

Beijo, abraço, aperto de mão ou aceno ao longe.

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