quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Independência ou morte

A gente nasce dependente de tudo e todos. Somos dos raros animais que, largados à própria sorte no nascimento, não sobrevive às primeiras mudanças de luz. E nos mantemos assim, muito em função da forma de organização social, até muitos anos após a dilatação pulmonar.

O tempo vai passando, e vamos nos tornando menos dependentes. Menos dependentes, não independentes!

Aos poucos não dependemos mais de ninguém para nos alimentar (mesmo precisando que comprem a nossa comida), de ninguém para nos vestir (mesmo necessitando de alguém que compre as roupas), e assim em quase tudo.

Vamos nos tornando menos dependentes de um lado, para tornarmos dependente de outros.

Descobrimos o amor. Definhamos nele em várias formas.

Depois ingressamos, a contragosto, na vida adulta capitalista. Precisamos de dinheiro. E afundamos na dependência de um trabalho que nos torna infelizes, para que possamos ganhar uns pedaços de papel que nos permita comprar aquilo que sabemos que não precisamos, mas que, de alguma forma, nos acaricia o vazio de existir. Tornamo-nos dependente do consumo, do dinheiro.

Aos poucos percebemos que esse mundo não é justo, que trabalhamos mais do que o nosso salário paga, vamos nos afundando em desilusão, tristeza. A dependência passa a fazer parte das nossas vidas. Álcool, antidepressivos, pornografia, likes, curtidas… e então, só então, nos damos conta que, ao contrário do que fez querer parecer Dom Pedro I, com seu grito ficcional “Independência ou morte”, a independência só chega no pós-vida.

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