É
tarde. Tanto na vida, quanto no dia.
Na
vida, dizem-me que não, mal iniciados os trinta.
No
dia, o sol já se prepara a voltar depois de ir há tanto.
Leio
Pessoa em nome de Bernardo Soares,
e
os seus ditos, perdidos na loucura de dias passados,
soam-me
como a minha'lma
decantando
lamentos a quem sou ou fui.
Como
Soares, sinto saudades de quem poderia ser.
E
nunca pude conhecê-lo, como jamais poderei,
pois
o tempo que me resta não sei,
o
que tempo que me foi, passou.
Sou
um lamento de pernas bambas,
sentadas
sobre joelhos doloridos
que
não suportam mais caminhar.
O
horizonte fica-me além dos olhos cansados.
Os
sonhos no pouco sono
entre
pesadelos
e
falta de ar.
A
vida corre-me lenta,
queria
morrer.
Passam
dias e noites
e,
sem que note, e noto além do que posso,
não
sei que dias passam, que dias são.
Perdi-me
no tempo de minha vida,
sem
saber o que era pra ser vivido outrora,
sem
saber viver o que não vivi,
sem
saber sonhar o que queria ser.
Fui
sem notar-me ser.
Vivi
sem sentir o ar enchendo-me, verdadeiramente,
os
pulmões meus.
Respeirei
o gás carbônicos de outros pulmões,
vi
a vida através de outros olhos,
e
de respirar tanto carbono,
de
enxergar tanta estrada que não a minha,
quando
vi-me de volta ao meu mal-fadado corpo,
minha'lma
notou-se cansada,
e
há meses tenta se apoiar nas falsas promessas
e
velhos conselhos embolorados
no
afã de tentar seguir.
Mas
doem-me também os joelhos d'alma.
Doem-me
os pulmões de não ter vivido.
Dói-me
o fato de não ter sido.
O
sol lá fora fere os olhos.
Ressinto-me
de sair,
apesar
de saber preciso.
Eu
só queria voltar pra casa.
26
de fevereiro de 2015
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