quinta-feira, 16 de março de 2017

Vestido branco


Sôfrego desejo de ti,
este espúrio sentimento,
impalpável,
indelével,
tão contraditório
que não se sustenta
e diz o que não pode ser.

Do teu vestido branco
a vontade pulsante
de despir tua pele
sentir teu cheiro
o teu gosto
o teu gozo.

Sussurrar no teu ouvido distante
as palavras falsas
de uma noite a sós,
sob a luz fraca de uma lua invisível,
corpos em suor,
mãos em atrito suave,
beijos maciços, extremos.

E quando corpos estremecidos,
anunciantes do gozo a caminho,
se fizerem lençóis amassados
na cama de nossos vis pecados,
que eu seja a bruma esquecida
no orvalho matinal
de nossas nunca manhãs.

22 de fevereiro de 2015

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