quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Faculdade mental

Ela só queria administrar sua própria vida,
mas não podia sequer entender sua própria mente.
"Freud explica", diziam.
Mas era foda explicar.

Sabia do seu direito,
mas, como colocá-lo em prática
se fisicamente lhe era impossível?

Os médicos lhe diziam não poder ajudar.
Os mediuns não a entendiam.
Via sua vida exposta no jornal,
nos intervalos comerciais,
com o preço abaixo do mercado
escancarado nas vitrines da moda.

Cada pedaço de carne
meticulosamente operado
e manipulado
para dar um aspecto mais belo,
decorada com belos ornamentos,
um sobre o outro.

Da vitrine,
seus olhos míopes procuravam onde estar
e o coração pulsava
a química do não saber amar.

Era tola, era ela
em sua plenitude,
sem espaços entre si.

Deitou entre livros e sons
e deixou-se ser personagem
na vida de outra pessoa,
ela que só queria administrar
a sua própria vida.

11 de fevereiro de 2017

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