Ela só queria administrar sua própria vida,
mas não podia sequer entender sua própria mente.
"Freud explica", diziam.
Mas era foda explicar.
Sabia do seu direito,
mas, como colocá-lo em prática
se fisicamente lhe era impossível?
Os médicos lhe diziam não poder ajudar.
Os mediuns não a entendiam.
Via sua vida exposta no jornal,
nos intervalos comerciais,
com o preço abaixo do mercado
escancarado nas vitrines da moda.
Cada pedaço de carne
meticulosamente operado
e manipulado
para dar um aspecto mais belo,
decorada com belos ornamentos,
um sobre o outro.
Da vitrine,
seus olhos míopes procuravam onde estar
e o coração pulsava
a química do não saber amar.
Era tola, era ela
em sua plenitude,
sem espaços entre si.
Deitou entre livros e sons
e deixou-se ser personagem
na vida de outra pessoa,
ela que só queria administrar
a sua própria vida.
11 de fevereiro de 2017
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