terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Eu poderia

E eu poderia fazer tudo aquilo que,
em segredo,
eu digo que não faço por falta de tempo.
Eu poderia calçar meu calçado novo,
vestir meu shorts e uma camiseta velha qualquer
e caminhar por aí, ouvindo música no talo,
como se fosse somente eu e ninguém mais.

Eu poderia fazer tudo aquilo que,
em segredo,
eu digo que não faço por falta de tempo.
Eu poderia assistir todas as séries e filmes
da minha lista interminável,
esparramado, de cuecas, no sofá novo,
cochilando em intervalos intermitentes.

Eu poderia fazer tudo aquilo que,
em segredo,
eu digo que não faço por falta de tempo.
Eu poderia ir para o bar com os amigos,
em um happy hour há anos programado,
e brindar como se fosse ontem,
como se não houvesse amanhã.

Eu poderia fazer tudo aquilo que,
em segredo,
eu digo que não faço por falta de tempo.
Mas eu fico aqui, escrevendo versos sem importância,
tentando encontrar justificativas para não fazer o que poderia,
buscando não confessar que a saudade me paralisa.

E não se passou nem um dia que elas não estão aqui.

02 de janeiro de 2024

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