quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Alice no país das maravilhas

Ela nasceu no chão da sala,
vítima talvez do descaso,
uma negativa repetida outras vezes,
o não que negava a loucura,
mas ela estava lá,
crescendo,
desenvolvendo o que dava,
dentro da barriga apertada pelo cinto
repetidas vezes.

Um treco saindo para o mundo,
sem respirar,
sem respirar,
a vida nova já perdida,
até o choro,
que outro choro se segurou para não seguir.

Foi batizada.
Cresce feliz,
encapetada
como toda criança esperta,
que logo questionará, adolescente,
o mundo a sua volta,
as decisões que tomam por ela.

E num dia desses,
lá para o futuro,
passeando pelos becos
na região proibida da cidade,
verá um livro com seu nome
e então se questionará
"Onde é esse tal país
cujas maravilhas prometem
com meu nome na capa?".

O futuro é incerto para essa Alice.
Talvez não haja maravilha alguma.
Talvez não haja sequer país.

27 de setembro de 2018

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