quinta-feira, 24 de maio de 2018

Andei pensando em morrer mais do que gostaria de admitir

A página em branco, de certo modo, reflete o que se passa aqui dentro, onde as ideias são criadas, onde a vida se desenrola. Nada. Nem um sopro de inspiração. Nem uma minguada frase para o desenvolvimento posterior. Nada.

Dizem que depois da tempestade vem a calmaria. No meu caso, em momentos como este, penso que a minha tempestade veio seguida de um desastre nuclear. Uma Fukushima que não encontra seu caminho de recuperação. Nada.

Área arrasada. Nada.

Mas mesmo em meio ao nada, algo pode surgir. E surgiu. É a alegria única. A força motriz que impede que o organismo pare. O ar que não me deixa morrer asfixiado. O motivo do sorriso perdido em meio a um oceano de tristeza. Por ela apenas, praticamente, é que a vontade não se torna negativa. Por ela apenas, praticamente, é que ainda penso em prosseguir.

Mas é cada dia mais difícil. Falta-me força. Falta-me vontade. Sobra-me desmotivos. È como se eu caminhasse olhando aos céus, procurando alcançar aquele ponto luminoso que tenho como a saída do poço em que caí. No entanto, a cada passo, olhos voltados para a luz, a luz parece ficar mais e mais distante. Eu ando pra trás. Eu deixo-me ir.

O tempo passa sem me dar pela passagem. Não sei que dia é hoje. Não sei o que fiz ontem. Não posso dizer quanto tempo estou assim. Parece que ontem foi o que tudo foi nos últimos anos, e o dia de hoje é um eterno não chegar de amanhã. Eu tento me convencer de que posso mudar, de que posso sair daqui. E vou deixando de tentar, convencendo-me que talvez eu não tenha mais forças. Pior, talvez eu não queira mais sequer tentar.

Os que me estão próximos são como âncoras me puxando ao fundo. Dizem o que eu sei em cansaço. Repetem a mesma ladainha, como se pela repetição o milagre ocorresse. A droga que não funciona para combater determinada doença não a combaterá pela repetição da dose. Por mais antibióticos que se tome, a infecção viral não vai se curar. Não pelo remédio, ao menos.

Isso sem falar nos elogios vazios, nas qualificações sem base. Só faz piorar. Só faz parecer que o gênio que tanto propagam é, em verdade, um fracote que deita e chora em posição fetal diante dos problemas reais da vida. E repetem. E repetem. E tornam a repetir. Como marteladas que se dá em cabeça de prego já totalmente fincado na madeira mole.

O choro já nem me vem. Engasgo-me, chego a quase sentir ânsia. Não por não querer chorar. Quiçá por querer demasiado.

Mais de semana sem conseguir sentar e escrever algo que me dê prazer.
Falta-me a inspiração.
Falta-me a vontade.
Chego mesmo a pensar que falta-me o álcool.

O que não me falta é essa vontade de querer abandonar tudo e deixar com que o mundo siga sem mim.

E mesmo nisso, falta um pouco de vontade para completar a vontade total.

Para quem perguntar, eu vou continuar afirmando que estou bem e manterei o bom humor forçado de sempre.

Talvez hoje eu chore, enfim.


24 de maio de 2018

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