quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Social real

Não é "você é feliz?", não.
A pergunta certa é "você ESTÁ feliz?".
A felicidade é ali. Específica.
Está, nunca é.
Ser é demais para sentimentos.
Ser é humano. Humano é, e sempre está coisa ou outra,
outra ou coisa.
Busca a harmonia e nunca encontra,
vive e morre na corda bamba.
Atua e se deixa levar,
permite-se ser sem ser de fato.
E fingimos todos.

Filho da puta do Fernando Pessoa,
aquele cretino que decretou que apenas o poeta
era um fingidor e fingia tão completamente
que fingia ser dor a dor que realmente sentia.
Todos somos, de fato, poetas,
todos somos, em verdade, fingidores.
E fingimos.
E enganamos.
E nos dizemos bem.
E nos falseamos felizes.
Só para parecermos reais
na irrealidade das redes sociais.

E no fim acabamos por nos esquecer que a vida real
é toda uma real rede social.
Mas nela ninguém consegue fingir.

11 de novembro de 2017

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