Quarenta e seis do segundo tempo. Jogo empatado. O Jaculejo classificando. A torcida ensaiando uma comemoração. Sacuri pressionando. Unhas são destruídas sem dó, sem pensar.
Quarenta e seis e trinta, 30 segundos pro fim, bola na área, cabeçada, trave, a zaga tenta tirar, bate e rebate, Paulão chuta... Gol!
Explosão de alegria de um lado. A torcida do Sacuri grita, vibra, comemora, o time classificado com o gol marcado. Os acréscimos já vencidos. O juiz vai colocar a bola no centro do campo e apitar o fim. A glória. Do outro lado, a tristeza, o lamento de quem estava com a classificação nas mãos e a deixa cair. Mas do lado Sacurizal é só alegria... A aleg... Uma ale... Uma alegria que precisa se segurar. O árbitro leva a mão ao ouvido. Os jogadores do Jaculejo os cercam. Os atletas do Sacuri percebem a movimentação estranha. Tensão! O apitador faz um quadro com as mãos. Vai verificar na TV. O VAR entra em ação.
Tensão! Um silêncio cortante toma conta do estádio. As arquibancadas buscam o telão, que não mostra nada. O tempo para. Não passa. Corre veloz. O juizão leva o seu tempo. A relatividade. A eternidade. O estalar de dedos. O árbitro volta o corpo para o campo, pisa dentro das quatro linhas sagradas e aponta, falta antes da conclusão do lance, toque na mão do atacante, gol anulado.
A torcida do Jaculejo vibra, explosão de alegria, felicidade e sorrisos soltos. Do lado oposto, a cabisbaixice de quem era todo sorriso. A tristeza no olhar ainda molhado das lágrimas da classificação que se esvaiu. Duas torcidas, um lance, duas comemorações distintas, um único gol.
O futebol em plena justiça.
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